sábado, 24 de setembro de 2011

Reação alérgica ao contraste de RM


Freqüência e gravidade das reações alérgicas agudas aos meios de contrastes paramagnéticos (Gadolínio) em crianças e adultos
 

Frequency and Severity of Acute Allergic-Like Reactions to Gadolinium-Containing IV Contrast Media in Children and Adults
Artigo publicado na American Journal of Roentgenology - AJR 2007; 189:1533–1538 
Jonathan R. Dillman, James H. Ellis, Richard H. Cohan, Peter J. Strouse, Sophia C. Jan
Principais destaques deste estudo:
  • Foram estudados retrospectivamente 78.353 administrações endovenosas do meio de contraste contendo gadolinio, no período de 01/01/2001 a 31/12/2006, sendo 65.009 adultos e 13.344 crianças, sendo 54% pacientes femininos e 46% pacientes masculinos.
  • Deste total de administrações de gadolínio, foram registradas 54 reações alérgicas agudas (correspondendo a 0,07 %), com freqüência de 0,04 % em crianças e 0,07 % em adultos. Do total de 54 reações, 35 ocorreram em mulheres e 19 em homens.
  • A idade média dos pacientes que tiveram reação foi de 47 anos (de 22 a 74 anos) e para as crianças de 9 anos (7 meses a 15 anos).
  • Dos pacientes que tiveram reação alérgica, 40 (74%) tiveram reação considerada leve; 10 (19%) moderada e 4 (7%) grave. Nenhum caso de óbito foi registrado.
  • 25 (50%) dos 52 pacientes que tiveram reação ao contraste tinham um ou mais fatores de risco identificáveis. Seis pacientes (12%) tinham história de reação alérgica prévia ao gadolinio.Três pacientes (6%) tinham história de reação alérgica a meio de contraste iodado e dois pacientes (4%) tinham história de asma. Vinte pacientes (38%) tinham história de alergia a outros medicamentos e dez pacientes (19%) tinham um ou mais fatores de risco. Metade dos 52 pacientes (50%) não tinham nenhum fator de risco aparente.

Classificação da gravidade e manifestações das reações alérgicas ao meio de contraste. American College of Radiology (ACR)
Efeito collateral (a)Leve (b)Moderado (c)Grave (d)
Náusea
Vômito
Alteração no paladar
Sudorese
Calor
Rubor
Ansiedade
Prurido
Rash cutâneo
Urticária
Tosse
Congestão nasal
Espirro
Edema palpebral leve
Edema facial leve
Dispnéia
Broncoespasmo
Edema laríngeo leve
Taquicardia sintomática
Bradicardia sintomática
Hipotensão
Hipertensão
Insuficiência respiratória grave
Perda da consciência
Convulsão
Arritmia
Angioedema progressivo
Parada cardiorrespiratória
 

Obs: Pacientes que apresentam múltiplas manifestações são classificadas de acordo com o sinal ou sintoma mais grave.
(a)    São respostas fisiológicas ao meio de contraste e não são consideradas reações alérgicas.
(b)    Não requer intervenção médica, exceto a necessidade de possível anti-histamínico em caso de reações cutâneas.
(c)    Requer tratamento medico imediato ou transferência para o pronto Socorro.
(d)    Risco de vida. Transferência imediata para o pronto Socorro.




Dr Gervásio Mikami
Médico Radiologista
gmikami@proimagem.biz
www.proimagem.biz


História da Ressonância Magnética


A Ressonância Magnética (RM) é uma técnica de imagem usada principalmente na medicina para produzir imagens internas do corpo humano. A RM é baseada nos princípios da ressonância nuclear magnética, uma técnica espectroscópica utilizada por cientistas para obter informações químicas e físicas de moléculas.


Componentes de um equipamento de Ressonância Magnética

A descoberta da RM é atribuída a dois cientistas, prêmio Nobel em 1952, Felix Bloch eEdward Purcell, que descobriram o fenômeno da ressonância magnética independentemente em 1946. No período entre 1950 e 1970 a RM foi desenvolvida e utilizada para análises moleculares físicas e químicas.

Em 1971 Raymond Damadian demonstrou que há diferença no tempo de relaxamento de diferentes tecidos e tumores, motivando os cientistas a considerar a RM como importante método de detecção de doenças. A RM foi apresentada em 1973 por Paul Lauterbur no mesmo ano em que a Tomografia Computadorizada foi introduzida porHounsfield. Em 1975 Richard Ernst propos o exame de RM utilizando a codificação em fase e freqüência e a transformação de Fourier. Esta técnica é a base da técnica atual de RM. Pouco tempo depois, em 1977, Raymond Damadian apresentou a RM chamada de Ressonância Nuclear Magnética com campo focado. Neste mesmo ano, Peter Mansfield desenvolveu a técnica eco-planar (EPI). Esta técnica originaria anos mais tarde em imagens de vídeo (30 ms/imagem).

Edelstein e colaboradores apresentaram imagens do corpo utilizando a técnica de Ernstem 1980, que correspondia à aquisição de uma única imagem em aproximadamente 5 minutos. Em 1986, este tempo de aquisição reduziu para cerca de 5 segundos, sem prejuízo significativo na qualidade da imagem. Neste mesmo ano, desenvolveu-se técnica microscópica da RM, que permite a resolução espacial de aproximadamente 10 m em cerca de um cm de amostra. Em 1987 a técnica eco-planar foi usada para produzir imagens em tempo real de um ciclo cardíaco único. Neste mesmo ano, Charles Dumoulin realizou uma angiografia por ressonância magnética, que permitiu a visualização do fluxo sanguíneo sem o uso do meio de contraste.

Em 1991, Richard Ernst foi recompensado com o prêmio Nobel de Química pela descoberta da transformação de Fourier. Em 1992 a RM funcional (fRM) foi descoberta. Esta técnica permite o mapeamento da função de várias regiões do cérebro humano. O desenvolvimento da RMf abriu novos caminhos para a técnica EPI no mapeamento de regiões cerebrais responsáveis pelo controle da memória e motora.

Em 2003, Paul C. Lauterbur da Universidade de Illinois e Sir Peter Mansfield da Universidade de Nottingham receberam o Prêmio Nobel de Medicina pelas suas descobertas em Ressonância Magnética. O método ainda é sem dúvida, muito novo e bastante promissor.

Em 2003, havia aproximadamente 10.000 equipamentos de RM no mundo todo e cerca de 75 milhões de exames realizados a cada ano.

Atualmente há seis grandes fabricantes de equipamentos de RM (Philips, GE, Siemens, Toshiba, Hitachi e Fonar) e outros fornecedores de peças, materiais e suplementos incluindo, as bobinas, meios de contraste paramagnético, amplificadores de radiofreqüência e magnetos.
 

Dr Gervásio Mikami
Médico Radiologista
gmikami@diffusion.com.br

O que é a Ressonância Magnética

Ressonância Magnética (RM) é um método que utiliza um campo magnético e ondas de radiofrequência para produzir imagens de diversas partes do corpo, portanto não utilizando radiação ionizante como nos exames de Tomografia Computadorizada e Radiografia. Um sistema de RM é composto basicamente de 6 módulos fundamentais: magneto, bobinas de gradiente, bobinas de radiofreqüência, suporte eletrônico, computador e console.

Existem basicamente dois tipos principais de magnetos. Os magnetos permanentes ou de campo aberto e os supercondutores ou de campo fechado. Os magnetos de campo aberto possuem intensidade de campos de até 0,3 Tesla e os magnetos fechados
, acima de 0,3 Tesla até 3,0 Teslas (na prática médica os mais comumente utilizados são magnetos de 1,0 e 1,5 Tesla). Para termos uma noção mais precisa, o campo magnético da Terra é de aproximadamente 0,00005 Tesla.

 
Magneto de Campo Fechado da Philips

Magneto de Campo Aberto da Siemens

Imagens adquiridas em equipamentos de RM de alto campo e baixo campo:

Equipamento de baixo campo (aberto) 0.3T
Equipamento de alto campo (fechado) 1.5T
As principais indicações para o exame de RM são:
- Neurológicas: acidentes vasculares, tumores, aneurisma, trauma, processos inflamatórios.
- Ortopédicas/reumatológicas: estudo do joelho, ombro, tornozelo, quadril, punho, cotovelo, pé, dedos, tumores, traumas, processos inflamatórios, etc.
- Coluna vertebral: hérnias, tumores, trauma, processos inflamatórios, etc.
- Vascular: estudo angiográfico de todo o corpo. Aneurismas, malformações, estenoses, pós-operatórios.
- Abdome e Pelve: tumores, trauma, infecções, malformações, endometriose, etc.

Contra-indicações e riscos:
O exame de RM é indolor e inócuo ao organismo, não havendo efeitos colaterais conhecidos. Alguns pacientes no entanto, referem claustrofobia, principalmente nos equipamentos de campo fechado. Mas muitos deles conseguem permanecer no equipamento durante o tempo de exame, mesmo nos de campo fechado, desde que bem orientados e esclarecidos pela equipe médica e paramédica de todos os procedimentos do exame, passo a passo. É fundamental a experiência da equipe para o conforto deste tipo de paciente.
As contra-indicações do exame são pacientes com clipes metálicos de aneurisma e portadores de marcapasso cardíaco. Portadores de outros tipos de materiais devem comunicar à equipe antes da realização do exame.
Mais informações.

O exame:
Um exame de RM dura em torno de 15 a 30 minutos, dependendo da complexidade do estudo. O paciente deve permanecer imóvel durante todo o procedimento, com a respiração suave e uniforme. Alguns exames exigem uma colaboração mais ativa do paciente, sempre orientado pela equipe. Dependendo da indicação e dos achados de imagem durante o estudo, pode ser indicada a injeção endovenosa de solução de contraste paramagnético, denominado Gadolínio.

Após a aquisição das imagens, estas são enviadas a um servidor de imagens por onde o radiologista acessa através de um terminal e emite o laudo. Estas imagens também podem ser transmitidas através da rede ou internet ao médico solicitante ou serem impressas em filmes radiográficos e/ou papel. A tendência mundial é a eliminação da impressão de imagens, já que as imagens eletrônicas têm inúmeras vantagens como custo, facilidade de envio e transmissão, arquivamento por tempo indeterminado e de poderem ser manipulados quanto ao brilho e contraste, tamanho, anotações e medidas das estruturas, dentre outras vantagens.



Dr Gervásio Mikami
Médico Radiologista
gmikami@proimagem.biz
 
www.proimagem.biz