quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Matéria na QRevista de Itatiba


terça-feira, 5 de novembro de 2013

FAQ Ressonância Magnética

O que é o exame de Ressonância Magnética?
A Ressonância Magnética (RM) é um exame de imagem que utiliza um campo magnético e ondas de radiofrequência para produzir imagens de diversas partes do corpo, portanto não utilizando radiação ionizante como nos exames de Tomografia Computadorizada e Radiografia.


Quais são as principais indicações para a Ressonância Magnética?
As principais indicações para o exame de RM são:
- Neurológicas: acidentes vasculares, tumores, aneurisma, trauma e processos inflamatórios.
- Coluna vertebral: hérnias, tumores, trauma e processos inflamatórios.
- Vascular: estudo angiográfico de todo o corpo. Aneurismas, malformações, estenoses e pós-operatório.
- Abdome e Pelve: tumores, trauma, infecções, malformações, endometriose e outras.
- Ortopédicas e reumatológicas: estudo das articulações e segmentos apendiculares para diagnósticos de lesões por trauma, degenerativas, processos inflamatórios, infecciosos, tumorais, dentre outras.


Existem contra-indicações ou riscos para o exame de RM?
O exame de RM é indolor e inócuo ao organismo, não havendo efeitos colaterais conhecidos. Alguns pacientes no entanto, referem claustrofobia, principalmente nos equipamentos de campo fechado. Mas muitos deles conseguem permanecer no equipamento durante o tempo de exame, mesmo nos de campo fechado, desde que bem orientados e esclarecidos pela equipe médica e paramédica de todos as etapas do exame, passo a passo. É fundamental a experiência da equipe para o conforto deste tipo de paciente.
As contra-indicações do exame são pacientes com alguns tipos de clipes metálicos de aneurisma e portadores de marcapasso cardíaco. Portadores de outros tipos de materiais devem comunicar à equipe antes da realização do exame.


Qual a diferença entre equipamentos de campo aberto e fechado?
Os magnetos (ímãs) dos equipamentos de campo aberto possuem intensidade de campos de até 0,3 Tesla (unidade de medida de campo magnético) e os magnetos fechados, acima de 0,3 Tesla até 3,0 Teslas (na prática médica os mais comumente utilizados são magnetos de 1,0 e 1,5 Tesla). Obs: o campo magnético da Terra é de aproximadamente 0,00005 Tesla.
Os equipamentos de campo aberto são mais confortáveis ao paciente por terem as laterais abertas, porém quando comparados aos equipamentos de campo fechado, em geral as imagens adquiridas são de qualidade bastante inferior e o tempo de aquisição superior, prejudicando inclusive no diagnóstico de diversas patologias. A tendência é permanecer no mercado apenas os equipamentos de alto campo (fechado), por ter melhor aceitação pelos médicos.


Como é o exame e a duração média de cada exame?
O paciente deita-se sobre uma maca móvel e é posicionado um aparelho (bobina ou antena) sobre a região de interesse do estudo. Esta região do corpo deve entrar no centro do campo magnético (túnel) e o paciente deve permanecer imóvel durante todo o procedimento, com a respiração suave e uniforme. Alguns exames exigem uma colaboração mais ativa do paciente, sempre orientado pela equipe, como por exemplo, parar de respirar por alguns segundos. Dependendo da indicação e dos achados de imagem durante o estudo, pode ser indicada a injeção endovenosa de solução de contraste paramagnético, denominado Gadolínio.
Um exame de RM dura em torno de 15 a 30 minutos, dependendo da complexidade do estudo.


Após realizado o exame, como as imagens são processadas e enviadas ao médico solicitante?
Após a aquisição das imagens, estas são enviadas a um servidor de imagens por onde o radiologista acessa numa rede local ou através da internet, utilizando um monitor de alta resolução para a análise e emissão do laudo. Estas imagens também podem ser transmitidas através desta rede ou internet ao médico solicitante ou serem impressas em filmes radiográficos e/ou papel. A tendência mundial é a eliminação da impressão de imagens, já que as imagens eletrônicas têm inúmeras vantagens como custo, facilidade de envio e transmissão, arquivamento por tempo indeterminado e de poderem ser manipuladas quanto ao brilho e contraste, tamanho, anotações e medidas das estruturas, dentre outras vantagens. Mas, ainda barramos na péssima qualidade da internet no nosso país e o hábito dos médicos em ver as imagens impressas.


Quem é o responsável pelo exame e pelo laudo do exame?
É o médico radiologista. Nos grandes centros de diagnósticos por imagem, há sempre um médico radiologista acompanhando a realização dos exames, que são feitas pelo técnico ou biomédico. Ele é o responsável pelos protocolos e por assistir o paciente quando há intercorrências. Os laudos também são realizados pelos médicos radiologistas. Hoje em dia, a radiologia sofreu uma subdivisão em subespecialidades, devido à grande complexidade dos métodos de diagnóstico e principalmente da própria medicina. As principais subespecialidades radiológicas são: neurorradiologia, radiologia musculoesquelética, radiologia do tórax, do abdome e pelve e radiologia das mamas. A minha subespecialidade é a radiologia musculoesquelética e imagem em medicina do esporte.


Qual o papel da radiologia nas lesões do esporte?
Hoje em dia, os atletas profissionais são submetidos a uma carga de trabalho muito maior, com mais frequência e maior intensidade, favorendo a um número maior de lesões e com exigência de recuperação e retorno às atividades num tempo cada vez menor. O papel dos exames de imagem é justamente diagnosticar com maior precisão a lesão, a gravidade desta lesão, a estrutura acometida e direcionar o tratamento e indicar o prognóstico desta lesão. Além disso, é uma excelente ferramenta para acompanhar a evolução e a resposta ao tratamento. Muitas vezes ainda, é utilizada como guia para procedimentos como drenagem de hematoma, realização de biópsia, administração de medicamentos e ultimamente para guiar punção para injeção de PRP (plasma rico em plaquetas). Como guia de procedimentos, os métodos mais utilizados são a ultrassonografia e a tomografia computadorizada, mas eventualmente a RM é também indicada e utilizada.


Por outro lado, nos últimos anos, o número de pessoas que realizam algum tipo de esporte tem aumentado significativamente, desde os esportes mais comuns (corrida de rua, ginástica em academia e esportes coletivos) até os esportes de aventura e os ditos radicais. Com isso, as lesões osteoarticulares e musculares também tiveram incidência aumentada. Hoje há uma especialidade médica somente para assistir aos pacientes com lesões relacionadas ao esporte. Consequentemente, houve a necessidade de um especialista em diagnósticos por imagem das lesões no esporte. O radiologista musculoesquelético desempenha papel fundamental na assistência destes pacientes, com diagnósticos mais precisos, estadiando melhor a gravidade e a extensão da lesão, indicando o tratamento e o prognóstico da lesão e acompanhando a evolução e por vezes auxiliando no tratamento.



Dr Gervásio Mikami é médico radiologista, especialista em radiologia musculoesquelética e do esporte pela Universidade Federal de São Paulo e com título de especialização em diagnósticos por imagem pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. Atua nas modalidades de Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada e Ultrassonografia em musculoesquelético e medicina esportiva. Atualmente é médico radiologista do Sport Club Corinthians Paulista e radiologista consultor do São Paulo Futebol Clube e A.D. São Caetano.